quinta-feira, 16 de outubro de 2008

100 anos da Umbanda


Saravá Filhos-de-Fé!!!!


O Terreiro Pai Benguela realizará uma GRANDE GIRA FESTIVA EM LOUVOR AO CENTENÁRIO DA UMBANDA no próximo dia 02 de novembro de 2008 - as 15h em sua sede, sito Rua Valdemar Mangine, 103 - Vila da Penha.
Compareça, traga sua família!!!
CONTATO: 82406449 ou 30137895

Obrigado Vovô


Obrigado vovô


Batem no portão fortemente, a samba (assistente espiritual) vai atender uma jovem mulher de aspecto triste e bastante desespero a pedir...

- Moça, por favor, eu preciso falar com o vovô João!

- Os números já acabaram, volte outro dia.

- Por favor, eu estou desesperada, por favor...

Neste exato momento vovô João saiu do banco, foi a sua porta e disse a samba...

- Camba deixa a moça entrar tô mandando!

A jovem foi atendida e contou seu drama...

Vovô olhou com pena e respondeu...

- Fia não faça isso, deixa essa criança vir ao mundo, enfrenta tudo, mas deixa ela vir, por que vovô não mata, vovô gosta da vida.

Vovô conversou muito tempo com a jovem mulher, que mais calma se despediu e partiu.

Passaram 20 anos, a mãe de santo cavalo do vovô João tinha decidido: Ia fechar o terreiro, tudo era coisa do diabo, estava entrando para igreja, ia fechar aquela casa de tantos anos de pura caridade, meio triste, mas decidida, quando entrou uma linda moça, muita bem vestida e disse...

- Bom dia, eu queria falar com o vovô João!

- Vovô... Essa vida eu já deixei minha filha, agora encontrei Jesus, estou entrando para igreja, servi muito tempo ao diabo, agora chega!

- Ah... Então desculpe, eu vou embora!

A moça meio decepcionada baixou a cabeça e agradeceu e quando ia se retirar, a mãe de santo não sabe como, sentiu uma força e disse...

- Minha filha, saia da macumba, saia dessa vida, você é uma moça tão bonita, tão jovem, vá para igreja!

A jovem respondeu...

- Minha senhora, eu não sou da macumba, eu só vim aqui agradecer a esse preto-velho, o pai João, que hoje a senhora chama de diabo, mas se hoje estou viva, feliz, sou uma mulher casada, tenho um lar, dois belos filhos, foi graças ao pai João, que há 20 anos atrás, não deixou minha mãe abortar, eu na verdade só vim aqui agradecer o pai João, dizer a ele, obrigado vovô!

A mãe de santo paralisada ficou calada, chorou, pediu perdão e decidiu não sair da Umbanda nunca mais, descobriu a tempo, que Deus é um só em qualquer lugar.

Trabalho de Exu


TRABALHO DE EXU



Estou num canto do terreiro observando os trabalhos. Os médiuns já estão em posição, velas foram firmadas, todos já bateram cabeça. Os pontos invadem o salão. Na assistência pessoas que freqüentam a casa com assiduidade e outras que pisam pela primeira vez. Sinto que algumas estão visivelmente emocionadas, seus protetores estão ali.

Outras estão suando frio, passam mal, estão agoniadas afoitas para irem embora dali.

Espíritos trevosos estão atuando sobre elas, querem sair dali o mais breve possível, pois temem serem descobertos. Certamente serão afastados e não poderão perturbar aquelas pessoas.

A mãe de santo vibra com intensidade, na corrente um médium balança, parece que vai cair. Percebo que seu Caboclo está por perto.

O Médium ainda é novo, não está totalmente integrado com seu guia, mas com paciência e amor breve o caboclo estará incorporando. Na corrente muitos estão incorporados.

O Caboclo chefe toma a mãe de santo, como faz a décadas. Brados de guerra são ouvidos.

Na medida que os irmãos da mata chegam trazem forte energia para todos. Unidos numa só força eles, (através dos passes ministrados), retiram da assistência os eguns e kiumbas, limpam as pessoas que estão perturbadas, transmitem força e esperança. As pessoas que antes choravam agora sorriem aliviadas.

Dores são aplacadas. Vejo que muitas daquelas pessoas em breve estarão também recebendo seus guias.

Embora esteja acostumado a ver essas cenas sempre me emociono. Daqui do meu canto, serenamente acompanho os trabalhos.

Subitamente uma jovem da assistência, poe-se a vociferar. Sua voz antes melodiosa e serena torna-se grave e arrogante. Ela tenta agredir os fiscais da casa que habilmente a conduzem para dentro do terreiro. Sem dúvida o kiumba que a acompanha é muito perigoso.

Os Caboclos estão alertas. nem bem cruza a porteira o kiumba grita, xinga, tenta machucar a pobre moça, diante da mãe desesperada que se encontra na assistência.

Os Caboclos abrem a roda, os atabaques soam mais altos. O Caboclo chefe se adianta sobre ele, forte energia circula pelo corpo da jovem moça. O Caboclo não quer que ela se machuque, ele vibra sua maracá e o Caboclo da menina pela primeira vez aproxima-se da filha com força. Chegou minha hora, me aproximo calmamente. O Kiumba evita meu olhar, se desespera. Sorrio e caminho em sua direção, preparo minhas armas. Ele grita, esbraveja.

O Caboclo pede meu apoio. Não me faço de rogado para desespero do Kiumba de um salto estou com minha espada em sua garganta.

Domino-o com facilidade. Chamo outros que o amarram e o levam para seu devido lugar. Outros Kiumbas menores que o acompanhavam também são capturados, receberão seus castigos. A moça acorda leve e feliz. Os Caboclos terminam o descarrego, agradecem meu auxilio.

Eu volto para meu canto. Ali na cafua observo o fim dos trabalhos.

Minhas velas, meus charutos, minha marafo estão firmados. Os trabalhos terminam todos se vão felizes.

Na porteira estou de sentinela...

Laroiê!!!

(Autor Desconhecido)